Nasceu semente dentro de fruto.
Caiu ao chão depois de um voo simples e direto.
Se esparramou até onde não pode mais.
E assim subiu. E subiu. E subiu
Foi ver o céu bem de pertinho.
Abriu todos os braços que pôde
para receber o calor do sol e as águas da chuva.

Sorveu a vida do vento
e da terra
e da água
e do calor
Viveu a balançar
E sorriu milhões de flores.
E de suas flores criou seus iguais
protegidos em mantos de frutas.

Chamou pássaros e outros bichinhos.
Suas filhas-sementes deviam se espalhar pelo mundo.
Vá! Vá bem longe.
Cada uma se foi a seu modo.

Se viu só até chegar o metal
que lhe enforcou, decapitou
tombou
tirou seus braços e suas esperanças
Lhe virou e revirou.
Não criaria mais vida.
Resignaria-se a servir
quem nunca a viu.