O inimigo implacável! O pior de todos! Aquele que devolve todas as bolas e nunca se cansa! Esse é o muro.
Muros são feitos para separar, para proteger, para encarcerar. Eles jamais foram imaginados para devolver bolas, competir e ganhar todas as partidas de tênis que você joga contra ele.
Quando eu era criança, numa casa com grande quintal, eu me tornava o Guga e o meu mais temível adversário era o muro: um gigante branco e imponente! Mas, eu, como herói, não tinha medo. Passava horas e horas na quadra, naquele jogo impossível, trocando várias bolas contra o inimigo, que devolvia todas.
Eu me esforçava e corria todo o quintal para conseguir devolver a bola. Cansava. Suava. Não desistia. Eu aprendi que se batia em ângulo, ele devolvia longe, se batia reto, ele devolvia reto e quanto mais forte eu batia, mais forte ele devolvia e esse momento era crucial: era rebater ou correr, pois se eu bobeasse a bolada seria dolorida.
No fim, meu adversário acabava ganhando por cansaço. Mas eu não saia triste da quadra, saia determinada a tentar de novo no dia seguinte. E de novo. E de novo. Quantas vezes fossem necessárias, afinal, diz o ditado: “a prática leva a perfeição”.